segunda-feira, 9 de março de 2009

O povo das estrelas




















O povo cigano tem em sua tradição a fama de mágico, misterioso e dono de grande sabedoria nas artes adivinhatórias.
As mulheres são vistas como modelo de sensualidade e sensibilidade, os homens de virilidade e magnetismo.
A música cigana tem, sem a menor dúvida, uma melodia que alimenta nossas fantasias e a dança é um tributo a alegria, a sensualidade, mas a música e a dança cigana são muito mais do que isso.
Eles vieram das estrelas diretamente para o interior da terra e, após um período de adaptação, subiram à superfície.
E até hoje, os Ciganos esperam pelo momento de regressar ao Cosmo. Nada mais pode ser contado sobre essa história, pois se trata de um dos seus "segredos" mais bem preservados.
A história registra seu aparecimento há mais de 3.000 anos, ao norte da Índia, na região de Gujaratna localizada na margem direita do Rio Send (atual Meganistão).
Mas, entre 950 e 1000 d.e., fugindo das guerras e dos invasores estrangeiros (inclusive de Tamerian, descendente de Gengis Khan), as tribos se mudaram para o Egito (daí o nome "gypsies" em inglês e "gitanos" em espanhol, que significa egípcio).
De lá partiram em duas direções: O grupo Pechen atingiu a Europa através da Grécia; o Beni chegou até a Síria e a Palestina.
Daí surgiu diversos clãs: o Kalê (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia).Seus nomes se latinizaram (de Sindel para Miguel; de András para André; de Pamuel para Manuel, etc.). Em 1447, estavam entrando em solo espanhol e se chamavam "ruma calk" (que significa homem dos tempos) e falavam o Caló (um dialeto indiano oriundo da região do Maharata). Traziam consigo a música, a dança, as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do "flamenco", que se origina do árabe "felco" (camponês) e "mengu" (fugitivo). E desde o séc. XVIII passou a ser sinônimo de "cigano andaluz".
No Brasil, estima-se que os Ciganos começaram a chegar ao século XVI, nos estados da Bahia e de Minas Gerais, ainda nos tempos da colônia.
No século XVIII foram vistos em São Paulo, mas foram expulsos da cidade. Mas, no século XIX já estavam inseridos na população e eram aceitos pela classe alta.Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas.
São hábeis também manufaturando tachos, artesanato (principalmente em cobre - o metal nobre desse (povo), consertando panelas, vendendo cavalos, (atualmente vendem carros); fazendo e lendo as cartas ciganas para ver a "buena dicha" (boa sorte).
Na verdade cigano que se preza, antes de ler a mão, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia não é interpretada como um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino.
Tudo isso foi aprendido interagindo diretamente com a natureza.
Muito antes da palavra "ecologia" ser conhecida, os ciganos já buscavam uma ampla harmonia entre o homem e a natureza, respeitando seus ciclos naturais e sua força geradora e provedora.
Isso explica o grande lema do Povo Cigano:
"O Céu é meu teto; a Terra é minha Pátria e a Liberdade é minha religião",
que traduz um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas.
O líder de cada grupo cigano chama-se Barô/Gagú e é quem preside a Kris Romanis (Conselho de Sentença, para o povo Rom) com suas próprias leis e códigos de ética e justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos.
O mestre de cura (ou xamã cigano) é um Kakú (homem ou mulher) que possui dons de grande paranormalidade.
Eles usam ervas, chás e toques curativos.
Os ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação (mas não incorporam nenhum espírito ou entidade).
Cantam e dançam na alegria e na tristeza, pois para o cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã.
Onde quer que estejam os ciganos são logo reconhecidos pelas suas roupas e ornamentos, e, Principalmente seus hábitos ruidosos.
São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade.
São peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema.
Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças, sempre transmitindo sua cultura.
As crianças ciganas normalmente freqüentam até o Primeiro Grau nas escolas dos gadjés (não - ciganos), para aprenderem apenas a escrever o próprio nome e fazer as quatro operações aritméticas.
A maioria das crianças não vai à escola com receio do preconceito existente em relação a elas.
Os idosos e todos os membros do grupo educam as crianças de todos, dentro dos princípios e normas próprios de uma tradição puramente oral, cujos ensinamentos são passados de pai para filho ou de mestre para discípulo, através das histórias contadas e das músicas tocadas em tomo das fogueiras acesas e das barracas coloridas sempre montadas ao ar livre (mesmo no fundo do quintal das ricas mansões dos ciganos mais abastados).
Claro que com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos, disfarçadamente, está freqüentando as universidades e até ocupando cargos de importância na vida pública do país.
Alguns são médicos, dentistas, engenheiros, e advogados.
Porém os de maior expressão na sociedade são artistas plásticos, comerciantes, joalheiros e músicos famosos.

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