sexta-feira, 13 de março de 2009



Nas “Elegíacas”, reunidas na segunda parte do Cancioneiro dos Ciganos, são reproduzidas as agruras cantadas por um povo oprimido havia séculos. Registrado em redondilhas maiores, métrica típica da poesia oral, o poema expõe as lamentações de um injustiçado:

“Para contar os meus males
Meu natural me contém;
As sepulturas têm flores,
A minha vida não tem.
(...) Quando o réu é infeliz.
Mesmo com razão tem crime;
Sua defesa não vale,
Sua inocência o oprime.
Se houver um ente que sofra
Ainda mais do que eu,
Digam ser meu mal mentira
E zombem do pranto meu.
Sofro às vezes tantas dores
Que adormeço soluçando,
A mim mesmo sou contrário
O meu pranto motivando.”


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